Nem só de tristeza vive o homem
Passada uma parte da alegria inicial causada pelo "grande dia", o que pra mim durou bastante tempo, aos poucos eu e ela sentíamos a necessidade de que nossa felicidade tinha de ser compartilhada entre outras pessoas. Não éramos tão piegas ao ponto de colocar as coisas nesses termos, mas na verdade era um pouco disso sim. Nesse clima, um belo dia ela chegou pra mim e disse que queria meninas. Muitas delas.
"Ruivas"
"Por que essa preferência?", perguntei.
"Sei lá. Acho que meninas ruivas têm mais cara de molecas, de levadas. Sapecas. E todas com enxoval azul"
"E por que azul?", perguntei mais uma vez, menos para satisfazer a curiosidade, mais para ouvir que tipo de resposta ela daria.
"Também não sei. Para dar contraste com o cabelo e a pele delas, talvez."
Me surpreendeu, como sempre. E soltei, finalmente: "Com nossos biotipos, a providência divina vai ter um pouquinho de trabalho para trazer essas ruivinhas pra cá...", olhando para mim e para ela.
No entanto, essa declaração não pareceu abalá-la de maneira alguma. Ela ficou firme em seu objetivo. De toda forma, ficou feliz em ouvir o meu consentimento para que déssemos início ao processo de trazer essas almas para o mundo.
"Sério?"
"Sim"
"Com roupinhas azuis e tudo?"
"Todo um time do Cruzeiro, se for preciso", respondi com um beijo.
O entusiasmo dela era contagiante, só que eu era muito racional (de certa forma, ainda sou), o suficiente para limitar o tal time na lateral direita. Camisas 1 e 2. Reinaldo, ex-atacante do Galo, ficaria feliz. Mas ela não. Por isso, adiei a notícia até que a nossa futura "Gamarra" de saias estivesse na 35a. semana de gestação. (Um adendo: de fato, a primeira menina saiu ruiva, o que não chegou a me surpreender muito; a tia da menina, minha irmã, nasceu ruiva). Enfim, quando ela soube, a resposta dela foi melhor que eu esperada, mas ainda havia um grande traço de frustração.
"Não se pode ter tudo na vida", disse depois de um longo suspiro.
Me doeu dizer isso, ainda mais depois dessa forma tão sutil de me chamar de estraga-prazeres. Agora, estava na obrigação de levantar o ânimo dela de algum jeito. A idéia mais singela e mais original que tive, no entanto, veio cerca de um dia depois do parto da segunda. Curiosamente, ruiva também. Foi quando eu passava em frente a uma loja de produtos lúdicos e brinquedos antigos.
No dia seguinte ao parto, já em um dos quartos da maternidade, com a segunda ruivinha nos braços, eu a surpreendi com 23 bonequinhas de pano e lã, com vestidinhos azuis: lá estava o time completo, as reservas, e ainda mais umas jogadoras emprestadas do América, do Ipatinga...
"Você simplesmente não tem jeito", e sorriu... lindamente.
"Ruivas"
"Por que essa preferência?", perguntei.
"Sei lá. Acho que meninas ruivas têm mais cara de molecas, de levadas. Sapecas. E todas com enxoval azul"
"E por que azul?", perguntei mais uma vez, menos para satisfazer a curiosidade, mais para ouvir que tipo de resposta ela daria.
"Também não sei. Para dar contraste com o cabelo e a pele delas, talvez."
Me surpreendeu, como sempre. E soltei, finalmente: "Com nossos biotipos, a providência divina vai ter um pouquinho de trabalho para trazer essas ruivinhas pra cá...", olhando para mim e para ela.
No entanto, essa declaração não pareceu abalá-la de maneira alguma. Ela ficou firme em seu objetivo. De toda forma, ficou feliz em ouvir o meu consentimento para que déssemos início ao processo de trazer essas almas para o mundo.
"Sério?"
"Sim"
"Com roupinhas azuis e tudo?"
"Todo um time do Cruzeiro, se for preciso", respondi com um beijo.
O entusiasmo dela era contagiante, só que eu era muito racional (de certa forma, ainda sou), o suficiente para limitar o tal time na lateral direita. Camisas 1 e 2. Reinaldo, ex-atacante do Galo, ficaria feliz. Mas ela não. Por isso, adiei a notícia até que a nossa futura "Gamarra" de saias estivesse na 35a. semana de gestação. (Um adendo: de fato, a primeira menina saiu ruiva, o que não chegou a me surpreender muito; a tia da menina, minha irmã, nasceu ruiva). Enfim, quando ela soube, a resposta dela foi melhor que eu esperada, mas ainda havia um grande traço de frustração.
"Não se pode ter tudo na vida", disse depois de um longo suspiro.
Me doeu dizer isso, ainda mais depois dessa forma tão sutil de me chamar de estraga-prazeres. Agora, estava na obrigação de levantar o ânimo dela de algum jeito. A idéia mais singela e mais original que tive, no entanto, veio cerca de um dia depois do parto da segunda. Curiosamente, ruiva também. Foi quando eu passava em frente a uma loja de produtos lúdicos e brinquedos antigos.
No dia seguinte ao parto, já em um dos quartos da maternidade, com a segunda ruivinha nos braços, eu a surpreendi com 23 bonequinhas de pano e lã, com vestidinhos azuis: lá estava o time completo, as reservas, e ainda mais umas jogadoras emprestadas do América, do Ipatinga...
"Você simplesmente não tem jeito", e sorriu... lindamente.
1 Aberto a Opiniões:
Um aviso a todos os leitores: Esse texto é completamente ficcional e surgiu na minha cabeça às 7 a.m. do dia 4 de fevereiro de 2006. Martelou ela até às 7 e meia, quando me levantei, peguei um caderno e um lápis e escrevi, senão ficaria com ele até agora. Eu ainda estou longe de um casamento, e muito menos de 2 filhotas. :P
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